Sombra da noite.

Depois de milênios, aqui temos uma resenha! Dessa vez estou aqui para falar do livro “Sobra da Noite” que é o segundo livro da coleção All Souls (Trilogia das Almas). Fiz a resenha do primeiro livro nesse post aqui.

A trilogia se inicia com “A descoberta das bruxas”, o enredo é voltado para a história de Diana, uma acadêmica com raízes bruxas que requisita o livro Ashmole 782 na biblioteca Bodleiana e acaba quebrando um feitiço sem querer atraindo outras criaturas para ele. Segundo os rumores, ele pode conter a explicação da extinção das espécies nos tempos atuais e da criação de todas elas.

Diana é uma bruxa diferente, ela nega os seus poderes e nunca conseguiu realizar os feitiços corretamente, isso porque ela foi “amarrada” com um feitiço por não ser uma bruxa convencional. Ao quebrar esse feitiço contido no livro, Diana chama a atenção do vampiro Matthew de Clermont, a partir desse momento eles passam a se encontrar e acabam desenvolvendo um relacionamento fervoroso cheio de novas descobertas.

O primeiro livro tem um bom ritmo e todo capítulo há uma descoberta nova (a menos que seja um jantar com os dois, porque a autora teve uma paixão de escrever detalhadamente a comida, acredite, há vários capítulos só falando do vinho e dos alimentos).

O final dele é quando Diana e Matthew pretendem viajar no tempo (mais precisamente para 1590) para fugir da congregação, achar o Ashmole 782 completo e encontrar alguém que possa ser o mentor de Diana em relação aos seus poderes raros e antigos.

Sombra da noite.

O livro se inicia com a chegada de Diana e Matthew em Oxfordshire no ano de 1590 (era Elisabetana), tempo de caça às bruxas em alguns lugares do mundo. Agora eles devem se familiarizar com o ambiente e tentar não chamar atenção, o Matthew de 1590 está fora do país e isso facilita a estadia do Matthew moderno (nada de paradoxos).

O vampiro então apresenta Diana como sua esposa para os seus amigos e membros da Escola da Noite, o que causa um alvoroço e confusão, eles não entendem como seu “amo” pode ter arranjado uma esposa em tão pouco tempo e nem como ele pôde se envolver com uma bruxa.

Os dois passam a viver a rotina da vida Elisabetana, conhecem seres, famosos da época, inclusive a própria rainha. Diana descobre muito mais sobre a vida de Matthew (de Clermont, Roydon ou Gabriel, você escolhe como quer chama-lo), ela fica espantada ao saber que ele é espião da rainha, membro da Escola da Noite (um grupo de escritores e poetas da época) e um membro da congregação (que aliás é a mesma a qual eles estão fugindo).

Com tudo isso acontecendo o objetivo deles (de encontrar o livro e um mentor) fica em segundo plano e eles passam a viver como residentes da época. Após muitos acontecimentos como o encontro com o pai de Matthew, com a rainha da Inglaterra e muitos outros personagens históricos (e até de mudanças que eles causaram na história), eles encontram um mentor e o paradeiro do livro.

Diana descobre os mistérios por trás de seus poderes e passa a entender melhor o motivo dela nunca ter sido como as outras, é treinada por uma bruxa como ela e descobre mais sobre quem é. Ela e Matthew finalmente encontram o livro, porém não podem leva-lo para o tempo atual para estuda-lo, já que isso faria com que Diana nunca o tivesse encontrado no futuro.

Depois de terem quase cumprido seus objetivos, eles decidem que é hora de voltar, mas não antes de mudar a história causando receio naqueles amigos e parentes que estão no presente (eles sabem que deixar rastros da Diana no passado pode chamar a atenção da Congregação no presente e gerar mais problemas com a sua volta).

Sua chegada é esperada e quando toda a família e os amigos estão juntos, Diana e Matthew revelam algo que pode ser o início de uma nova era para os seres místicos.

Hora da verdade.

Agora vamos falar sinceramente. Amei o primeiro livro, fiquei maravilhada com as criaturas da história e ficava ansiosa por cada capítulo. As duas primeiras vezes que li, o devorei em dois dias (e olha que o livro possui mais de 600 páginas). Pulei nesse universo de cabeça (menos quando a autora resolvia descrever detalhe por detalhe do jantar, isso tornava a leitura cansativa). O primeiro livro terminou deixando um gostinho de quero mais, parou em um ponto alto onde o leitor é parado no meio da ação.

O segundo livro começa num ritmo bem diferente de como acabou o primeiro, é como se você estivesse em um brinquedo de um parque de diversões e ele parasse do nada. Você se sente confuso e indignado com o corte de adrenalina.

A primeira metade do livro descreve DETALHADAMENTE a vida Elisabetana que eles estão vivendo, não há ação, não há descobertas, não há nada. Só há uma Diana aprendendo a como se portar como uma dama e um Matthew agindo de forma ridícula como um machista da época. A autora usou metade do livro para desenvolver relações que no final não fariam importância alguma se acontecessem ou não.

Ela introduz muitos personagens (e quando digo muitos, são muitos! Confesso que não consegui guardar cada um deles e sempre me perguntavam quem eram e qual a importância deles no enredo), a maioria deles são pessoas importantes da época (se você não está acostumado com a literatura europeia com certeza ficará perdido e só saberá quem é William Shakespeare). A leitura se torna pesada, cansativa e até chata em alguns momentos por ser tão parada. Fiquei o tempo todo me perguntando “ok, e a busca pelo mentor? E o livro?! Vocês se esqueceram do livro?!”, a autora ficou tão preocupada em mostrar a vida elisabetana que parece que acabou deixando o objetivo dos personagens para trás.

A outra metade do livro é onde as coisas começaram a ficar mais interessantes (lá pela página 300). A personagem encontra alguém para ajudá-la e muitas coisas interessantes e incríveis são reveladas sobre a Diana, e então o treino para porque eles devem ir atrás do Ashmole... Depois de alguma enrolação para ter o livro, eles finalmente o encontram e quando o encontram, ele meio que não serve para nada! Se eu fiquei irritada? Fiquei! O bom é que com o pouco que eles viram, eles conseguiram chegar a algumas conclusões interessantes, isso me animou! Devorei a segunda metade em três dias (comparado com os quatro meses da primeira metade, foi rápido).

Outra coisa que me irritou muito foi a relação do Matthew com a Diana. Eu até entendo que ele voltou a ser o Matthew daquela época, mas as ações dele são tão machistas que eu fiquei com vontade de entrar no livro e dar um soco na cara dele! Ele se torna mais protetor e sufocante do que era no primeiro livro (no primeiro essa superproteção era mais leve e suportável), ele trata a Diana de um jeito que eu não gostei muito... a parte boa é que ela é uma mulher forte e decidida que conseguia colocar o marido no seu devido lugar. Só que isso gerava muitas discussõezinhas e eu achei a relação deles desgastante, faltava aquele amor que eles sentiam um pelo outro antes, eles meio que se separaram nesse livro e no final eles voltam a ficar próximos, mas parece que não flui... é estranho...

Fora isso a segunda parte do livro é muito boa! As novas informações sobre as bruxas são surpreendentes e a busca pelo Ashmole é interessante, o final é meio bombástico e desperta aquele sentimento de “eu preciso da continuação agora!”.

Autora: Deborah Harkness

Editora: Rocco

Número de páginas: 574

ISBN: 978-85-325-2833-9

Patinhas:

Caso vocês tenham reparado, estou usando um novo formato de resenha! Acho que ficou mais organizado, espero que tenham gostado! (Tem até patinhas fofas no lugar de estrelinhas).